quarta-feira, 29 de julho de 2020

Fechamento de julho de 2020: carteira e livros

Olá pessoal.

Aportes do mês em:

1) FIIs - BARI11, VRTA11, BCRI11 e HGLG11 (subscrição);
2) ETF - SMAC11 e PIBB11
3) Ações - GRND3 (grendene).

Segue a carteira de renda varíável, sem o SMAC11:



Terminei parte dos clássicos de a História da Filosofia de Giovanni Reale e Dario Antiseri. Pré-socráticos e Sócrates. Para quem gosta de história e de filosofia é uma ótima leitura. 

Lendo, também, o livro "O fim do homem soviético", de Svetlana Aleksiévitch. Traz relatos de pessoas a respeito do fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Uma das histórias é de uma mulher que, na época do Stalin, trabalhava em uma fábrica; conta que, caso atrasasse 10 minutos, poderia ser presa; uma outra, membro do Partido Comunista, conta que, após o colapso do bloco, algumas pessoas descobriram quem as havia denunciado e o porquê foram presas; uma dessas presas - uma mulher - morava em um apartamento comunal, com outras 3 famílias; um dia, do nada, foi presa e levada pela polícia secreta (NKVD); só deu tempo de pedir para a vizinha cuidar de sua filha; ficou anos presa; ao abrir seu processo, descobriu que essa vizinha a havia denunciado; voltou para casa e se enforcou. Também tem histórias de saudosistas da URSS.

A "transição" na Rússia foi bruta, para dizer o mínimo. Quem quiser conhecer um pouco do período - e do que acontece hoje por lá - pode assistir ao documentário "Citizen K" que fala da saga do controverso Mikhail Khodorkovsky e sua luta contra Putin. O documentário está disponível no youtube e na Amazon Prime.

Estou lendo, também, através do kindle unlimited, "As Confissões" de Agostinho. Que livro sensacional; que obra maravilhosa. Uma das coisas mais surpreendentes ao ler livros antigos é perceber que muitas das angústias e dificuldades atuais já existiam há milhares de anos. Toda a modernidade e desenvolvimento tecnológico não foram suficientes - ainda - para alterar as necessidades humanas em seu nível mais profundo.

Ler Agostinho ou Santo Agostinho, como preferir, é mergulhar em um mar de sabedoria milenar: "fizeste-nos para ti e inquieto está nosso coração, enquanto não repousa em ti".

Como vivi em muitas cidades nos últimos 10 anos, é cada vez mais difícil fazer novas amizades e ter conversas prazerosas. Não sei se com o tempo nos tornamos mais sábios ou mais chatos. Talvez um pouco de cada.

Ler bons livros é como ter uma boa conversa com um amigo mais sábio do que você.

A leitura traz um tipo de reflexão que a TV/youtube não é capaz de dar. Você lê, pensa e reflete sobre aquilo que leu.

No youtube um vídeo puxa o outro e, quando assusta, já viu mil coisas mas não refletiu sobre nenhuma delas. É o excesso de informação que mais atrapalha do que ajuda.

Um abraço e até a próxima.


quinta-feira, 23 de julho de 2020

Você já pensou em publicar um livro? Se não, deveria.

Olá pessoal.

Escritor é daquelas profissões que vivem no extremistão (Nassim Taleb). Geralmente, ou faz muito sucesso e vende bastante ou não vende nada e vive no esquecimento.

Antes da internet e, especialmente, da Amazon, novos escritores viviam nas mãos das editoras. Era muito difícil publicar por uma editora famosa. O autor recebia, em média, 10% de cada obra vendida.

Faz uns meses tive uma ideia meio doida e inventei de colocá-la no papel. Fiz uma capa num programinha desse qualquer e publiquei através do KDP (Kindle Direct Publishing).

É um livro simples, despretensioso. Não fiz marketing, nem nada. Nem pretendo divulgá-lo por ora, muito menos aqui no blog (este espaço não é para isso, ao menos por enquanto).

É bastante difícil vender um livro na Amazon. No começo só vendi para conhecidos. Descobri que conseguiria fazer uma promoção por 5 dias - dar o livro de graça. Fiz isso e eis o resultado, desde a promoção: 35 unidades vendidas, 209 downloads gratuitos e 4.278 páginas lidas no Kindle Unlimited:

Os royalties até agora: 

- Abril - R$   15,82
- Junho - R$    0,22
- Julho - R$ 108,44 

Encorajo você a escrever sobre aquilo de que goste. Qualquer assunto. Publique o livro. O não você já tem.

Escritor vive nos extremos.

Quem sabe você não é um desses que fará sucesso?

Como não dependo disso para viver tem sido uma grande diversão pensar e escrever novos livros. Tenho ideias para outros cinco.

E se der errado? E daí ? Para o escritor amador, livro publicado é livro que deu certo.

Um abraço e até a próxima,

quinta-feira, 16 de julho de 2020

RBVA11 e a presepada do Santander

Olá pessoal.

O RBVA11 é um fundo de investimento imobiliário que tem, além de imóveis locados para o varejo, agências bancárias alugadas para a Caixa e Banco Santander.

Quando iniciei meus investimentos no fundo eram apenas agências da Caixa (AGCX11). A Rio Bravo, com o objetivo de diversificar o portifólio, expandiu os investimentos do fundo para o varejo (outros imóveis), inclusive com a mudança do nome e ticker (RBVA11).

Recentemente, o fundo SAAG (11) - agências Santander - foi incorporado ao RBVA11, fazendo deste um fundo com valor de mercado de R$ 1.411.491,952,69 (dados do Clube FII).

Quando da incorporação do SAAG pelo RBVA, muitos cotistas do SAAG reclamaram de ter que "se misturar" com um banco público. Disseram que só investiram no SAAG porque confiavam no Santander, uma instituição privada, multinacional, que tem por hábito cumprir os contratos; que os bancos públicos brasileiros (Banco do Brasil e Caixa) não são confiáveis, enfim, foi um mimimi danado.

Pois bem. Nos últimos dias o Santander - queridinho do mercado - ajuizou 28 ações questionando contratos atípicos. O Banco vendeu as agências e alugou logo em sequência - sale and leaseback -; usou o dinheiro para fazer mais dinheiro com seus juros baixinhos aplicados aqui no Brasil; com 5 meses de pandemia diz que "os 28 mil cotistas do RBVA11 estão enriquecendo de forma ilícita". Virei um praticante de ilícito civil e não sabia. Obrigado, Santander.

A minha pergunta aqui é a seguinte: imagine que a Caixa tivesse feito isso. Iriam pedir até o impeachment do presidente da República - já pedem todo dia mesmo. Diriam que essa potroca deveria ser privatizada, que banco público é uma merda - há muita verdade nisso -, não respeita contratos, enfim, um monte de coisa. 

É apenas uma reflexão. Assim como nos casos do MFII11 e ABCP11 não farei nada no momento. Se cair muito, pretendo até comprar mais.

Não sei o motivo de o Santander ter feito uma presepada tão grande por conta de apenas 28 agências (tem mais de 2000 em todo Brasil).

O que eu sei é que o titio Warren está sempre certo: a diversificação é a melhor saída para os ignorantes.

Quando diversificar muito, um ou outro zé mané vai dizer que você está pulverizado. Pulverizado é a tonga da mironga. Imagina quem tem um portifólio só com shoppings excelentes e depende dos rendimentos para sobreviver: está lascado nesse momento de pandemia.

Diversificação nunca é demais.

Imagine se fosse a Caixa ou o Banco do Brasil......kkkkkkkkkk

Para quem deseja entender mais do caso, segue uma live com o professor Baroni.

Um abraço e até a próxima.









quarta-feira, 15 de julho de 2020

Aristóteles e a vida moderna: você nasceu para ser escravo?

Olá pessoal.

Na história da filosofia há diversos debates sobre a escravidão e seus motivos. Aristóteles, celebrado por muitos e odiado por outros, defendia, em linhas gerais, que "uns eram escravos por natureza, enquanto outros livres por natureza; uns nasciam para comandar, enquanto outros para serem comandados"

A grande dificuldade ao estudar obras e pensamentos do passado é afastar-se do anacronismo, isto é,  evitar apreender as ideias clássicas com os nossos óculos pós-modernosos. Por exemplo, é um anacronismo dizer que Jesus era comunista ou capitalista; são afirmações estapafúrdias. Capitalismo e comunismo são conceitos modernos. Não faz sentido aplicá-los em comunidades judaicas de mais de 2.000 anos atrás. Quando se faz isso, sem atenção para o contexto cultural da época, qualquer um pode ser tachado de machista, racista, misógino, fascista, capitalista, comunista, enfim, do que você quiser. 

É usar óculos pós-modernos para enxergar uma realidade cultural totalmente diversa.

Mesmo assim, ainda pergunto, nascemos para ser escravos ?

A escravidão clássica quase foi extinta em todo o mundo; poucos países mantém esse tipo de relação entre pessoas. 

Mas a maioria das pessoas é de fato livre ? 

Levantar 6 horas da manhã e dormir meia-noite; não ter tempo para os filhos nem para a família; enfrentar o transporte coletivo (duas horas para ir e duas para voltar do trabalho); não ter tempo para praticar esportes; viver a base de remédio; happy hour no trabalho (uma grande "festa estranha com gente esquisita") em que somos obrigados a parecer felizes para agradar colegas e chefes, vender sua força de trabalho, basicamente, para pagar impostos, juros bancários e consumir aquilo que não precisa para agradar pessoas que não se importam com você; espiar a vida alheia nas redes sociais; ser monitorado 24 horas por dia por google, amazon, facebook huawei e sei lá mais o quê; receber ligações, o tempo todo, de gente querendo vender coisas; ser obrigado a ficar ao lado do celular, o tempo todo, porque pode receber uma mensagem urgente do trabalho (urgente coisa nenhuma, ninguém vai morrer por conta disso); conferir e-mail 100 vezes ao dia; ser estimulado, o tempo todo, para sempre querer mais, mais e mais; mudar de cidade o tempo todo para buscar novas oportunidades, sentindo que não pertence a canto nenhum; assistir noticiário de política e ler tudo sobre o assunto, como se isso fosse mudar sua vida.

Em algum momento da minha vida adotei algum desses comportamentos. Talvez você seja um afortunado e veja coisas positivas em tudo o que relatei. Pode até ser. Nunca fui acorrentado, nunca sofri agressões físicas, enfim, nunca fui um escravo no sentido clássico. Mas, em diversas vezes, me senti um escravo do mundo moderno, um escravo de um mundo sem sentido.

A impressão que tenho, atualmente, não é que uns nascem para ser escravos e outros para serem livres; todos nascem para ser escravos. Escravos do Estado, de instituições, de grandes empresas, de um estilo de vida e de outras coisas que nem temos ideia. É a minha matrix, a sua matrix, a matrix nossa de cada dia.

"Ai, que mimimi! Nossa vida é muito melhor do que a de pessoas do passado. Temos youtube, facebook, leite de caixinha, gatorade, iphone, ifood, uber, internet e um monte de outras coisas"

Respondo com Raul Seixas (Ouro de Tolo):

É você olhar no espelho
E se sentir um grandessíssimo idiota
Saber que é humano, ridículo, limitado
E que só usa 10% de sua cabeça animal
E você ainda acredita que é um doutor, padre ou policial
Que está contribuindo com sua parte
Para nosso belo quadro social
Eu é que não me sento no trono de um apartamento
Com a boca escancarada, cheia de dentes
Esperando a morte chegar

A escravidão moderna não é a ausência de coisas; não é a ausência de liberdade; é a ausência de sentido. Existimos sem saber o porquê de viver e lutamos por coisas de que sequer gostamos. É a vida no piloto automático - só que quem programou o piloto foram outras pessoas e não você.

É verdade que os antigos também podiam viver sem sentido; não é algo próprio dos pós-modernos. Mas acredito que nunca houve uma época tão carente de significado como a nossa. Somos seres tribais sem tribos. Pessoas que precisam de pessoas e são forçadas a viver cada vez mais sozinhas - falo por mim.

Pensar e escrever tudo isso não me deixa triste: só me faz pensar nas coisas de que realmente gosto. Naquilo que realmente valorizo. Nas pessoas, nas ideias e não nas coisas. 

Se tem dificuldade em pensar sobre o que importa, faça um exercício: imagine que morrerá daqui um ano. Não precisará trabalhar até lá. O que você gostaria de fazer? De que realmente gosta? Com quem gostaria de conversar e passar seus últimos dias?

Só um lembrete: após sua morte, você, como a maioria de todos nós, será substituído e esquecido. Os seus troféus conhecerão o destino eterno de todas as coisas: a lata do lixo.

"Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco têm eles daí em diante recompensa; porque a sua memória ficou entregue ao esquecimento" (Eclesiastes 9.5)

"Pois, tanto do sábio como do estulto, a memória não durará para sempre; pois, passados alguns dias, tudo cai no esquecimento. Ah! Morre o sábio, e da mesma sorte, o estulto! (Eclesiastes, 2.16).

Talvez a resposta para muitos dos seus problemas - inclusive a vida de escravo moderno - esteja em ouvir a si mesmo. Estar atento para aquilo que realmente lhe importa. Conectar -se ao essencial e libertar -se das futilidades.

"Conhece-te a ti mesmo".

Um abraço e até a próxima.









sexta-feira, 3 de julho de 2020

Carteira de renda variável - aportes e livros de junho

Olá pessoal,

Os aportes de junho foram para:

TGAR11 e BARI11 - FIIs
SMAC11 - ETFs.

Segue carteira de renda variável, sem o SMAC11:



O mês de junho foi muito bom para a leitura. Além de "Dinheiro e Vida", li "A idade decisiva" de Meg Jay. É uma autora americana que aborda a importância das atitudes tomadas entre os 20 e 30 anos. De como nenhum outro período será tão determinante em sua vida. 

Gostei muito da forma prática e objetiva com que ela aborda e relata os problemas dos pacientes; de como muitos jovens - entre os 20 e 30 - se perdem ao pensar que "tem todo o tempo do mundo" e que "podem fazer o que quiser, porque as possibilidades são infinitas, visto que são jovens".

Basicamente, diz que os jovens negligenciam que, entre os 20 e 30, devem semear em duas áreas principais: trabalho e família (amor). Que é muito comum que as pessoas, depois dos 30, tenham uma sensação de desespero ao olhar para trás e pensar: "onde eu estava com a cabeça com meus 20 e poucos anos"? Trabalha conceitos interessantes como a "força dos vínculos fracos" e a "fraqueza dos vínculos fortes".

Se quiser saber mais, leia o livro.
  
Segue uma palestra da autora:




Um abraço e até a próxima.