terça-feira, 31 de dezembro de 2019

A riqueza da vida simples - Gustavo Cerbasi - um bom presente para qualquer pessoa





Olá pessoal,

Desejo a todos Feliz Natal, Feliz Ano Novo, Feliz Páscoa, Feliz Aniversário, Feliz Sei Lá o que em 2020 e que todos sejamos prósperos para sempre.

Tenho uma gratidão enorme pelo Gustavo Cerbasi. Além de gostar dos livros dele - em especial de "Casais Inteligentes Enriquecem Juntos" - devo ao autor a introdução do assunto finanças pessoais no meu namoro e casamento. Isso não tem preço.

Para quem está tendo dificuldade em lidar com o parceiro nesse assunto recomendo 2 livros, ambos do Cerbasi: 1) Casais Inteligentes Enriquecem Juntos e 2) A Riqueza da Vida Simples.

No livro "A Riqueza da Vida Simples" - lançado em 2019 - o autor aborda diversos assuntos, dentre eles a importância de escolher bem o padrão de vida (p. 17-18):

"O padrão de vida que escolhemos

Independentemente de quanto recebemos pelo nosso trabalho ou de nossos investimentos, o que determina nossa saúde financeira são nossos gastos. Em outras palavras, não é a nossa renda, mas sim o nosso consumo que determina se teremos ou não dificuldades financeiras, se somos ricos ou não.

A renda é, sem dúvida, um limitador de nossas escolhas. Mas ainda temos a liberdade de escolha enquanto não decidimos onde e como morar, como nos deslocar para o trabalho, como nos educar, como nos alimentar.

(...) Em geral, quanto menos se conhece o padrão de vida que se está procurando assumir - caso de quem, por exemplo, está ascendendo na pirâmide social - maior é a probabilidade de se subestimar as consequências de uma determinada escolha. Por exemplo, a compra de um automóvel mais sofisticado pode resultar em gastos inesperados com manutenção e estacionamento. Ou o esforço para matricular os filhos em uma escola mais cara pode resultar em desembolsos maiores com material escolar, passeios e festas com os novos amigos do colégio.

Podemos considerar, então, que as dificuldades financeiras começam quando acreditamos que podemos adotar um padrão de vida mais elevado (ou mais caro) do que nossa renda realmente permite. Ou que a renda até comporta no momento da decisão, mas que não comportará ao longo do tempo - o que pode ser chamado de padrão de vida insustentável.

Gosto de presentear pessoas com bons livros.

Minha indicação de final de ano, em especial para cônjuges e companheiros, são os livros do Cerbasi.

Se você ler esses dois já estará mais bem equipado do que a maioria dos brasileiros.

Recentemente, vendi um imóvel o que trará impacto no próximo fechamento e na meta para independência financeira. Mais detalhes no post do fechamento de janeiro.

Um abraço e até a próxima,


quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Como destruir seu patrimônio - O psicopata mora ao lado: o perigo de conviver com mentes perigosas



No livro "Mentes Perigosas: O Psicopata Mora ao Lado" Ana Beatriz Barbosa e Silva disseca a mente dos especialistas na dissimulação e na destruição dos outros: os psicopatas.

São pessoas frias, manipuladoras, transgressoras de regras sociais, sem consciência e desprovidas de sentimento de compaixão ou culpa. O pior é que são artistas da enganação e conseguem ludibriar com maestria suas vítimas.

Mas o que isso tem a ver com aposentadoria antecipada e acumulação de patrimônio? 

TUDO.

A leitura me deu a certeza de que há um psicopata na minha família. Ele conseguiu manipular e destruir o patrimônio de diversos familiares, trazendo dor e frustração.

É um Katrina em forma de ser humano. Por onde ele passa há um rastro de destruição. Só consegui sobreviver porque desde sempre mantive o máximo de distância possível.

Eu recomendo fortemente este livro. A autora estima que 4 % da população é composta por esse tipo de pessoa. 

Apenas no Brasil teríamos cerca de 8 milhões de psicopatas, em grau leve, médio e alto.

De nada adianta construir um patrimônio e ser vítima de algum golpista ou espertalhão. E ele pode estar mais perto do que você imagina.

Um abraço e até a próxima,


segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Fechamento: taxa de poupança, fire e livros lidos


Olá pessoal,

Seguem os dados do mês de novembro e parte de dezembro.

Fiquei na dúvida se computava imóveis no cálculo da meta para a aposentadoria antecipada. Por ora, decidi deixá-los de fora. Foram considerados apenas FIIs, ações, previdência complementar e renda fixa.

1) Taxa de poupança: 53,85%.

2) Meta atingida para a independência financeira (apenas ativos financeiros - FIIs, ações, renda fixa e previdência complementar -, sem computar imóveis): 12,56%.

3) Livros lidos no último mês: "Estuda que a vida muda (Alex Oliveira)" e "Chega de Burrice com Imóveis" (Roberto Carvalho e Bastter)

4) Livros que estou lendo: "Ferramentas dos Titãs" (Tim Ferris) e "Irmãos Karamázov" (Dostoiévski)

5) Livros que comprei: "Ações Comuns, Lucros Extraordinários" (Philip Fisher) e "Investidores Conservadores Dormem Tranquilos" (Philips Fisher). Em promoção na Amazon.

6) Carteira de renda variável:



Um abraço e até a próxima,

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Como aprender com o Buffet, ainda que você seja um idiota


"A diversificação é uma proteção contra a ignorância. Faz pouquíssimo sentido para quem sabe o que está fazendo" (Warren Buffet).

A maioria é ignorante em qualquer assunto, inclusive nos investimentos.

Não é porque você leu alguns livros, fez um cursinho online e abriu conta em corretora que se tornou especial. 

Eu leio essa frase do Buffet partindo do princípio de que sou um idiota - ignorante.

Quando comecei a investir, já iniciei diversificando. Poucos meses depois um dos meus FIIs - MFII - teve negociação suspensa pela CVM. Foi um quebra pau danado. Um monte de disse me disse. Como estava bastante diversificado, sabe o que fiz antes, durante e depois da histeria? NADA. Não fazer nada também é uma decisão e prefiro não tomar atitudes importantes em momentos de histeria.

A Sra. Leitora Poupadora decidiu por iniciar os investimentos em FIIs. Começou pelo FII que mais gostamos - ABCP11. Era quase uma certeza de que não haveria problemas. Uma semana depois sai um "fato relevante" dando conta de que a CVM estava suspeitando de irregularidades no FII. A cota despencou com o medo de ser alterada a tributação dos proventos. Enfim, sabe o que fizemos? NADA. 

Só pude fazer NADA e dormir tranquilo por conta da diversificação. 

Sinto muito, você não é o Warren Buffet. Não se esqueça disso.

Em outras áreas da vida e empreendimentos até tenho coragem de assumir riscos maiores, sob o pretexto de que tenho um domínio sobre o assunto, que aquilo está dentro do meu círculo de competência. 

É muito difícil o investidor amador desenvolver esse círculo de competência sobre ações, FIIs e ativos financeiros. Requer anos e anos de tempo e dedicação de que não dispomos. Há chance de rolo com gestor e administrador de FII, com CEO de companhia aberta, com diretor de relação com investidores, com empresas de auditoria. Um monte de especialista decretou o fim do MFII e não viu problemas no ABCP11. Se o especialista previu errado sobre o MFII e não viu um rolo no ABCP, imagine nossas perspectivas ao tentar prever o futuro. Não são promissoras.

O remédio é simples: diversifique.

Um abraço e até a próxima.





segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

12 regras para a vida - um antídoto para o caos



Jordan Peterson é um psicólogo canadense, professor, escritor e palestrante. Ganhou notoriedade ao participar de alguns debates envolvendo temas polêmicos na política do Canadá.

Seu principal livro, lançado no Brasil em 2018, se chama "12 regras para a vida - um antídoto para o caos".

Se eu pudesse obrigaria que meus filhos lessem centenas e centenas de livros. Talvez isso não seja possível. Talvez eles não queiram. Mas ler apenas um livro é fácil.  E a escolha para os meus filhos - ao menos hoje - seria essa obra do Jordan Peterson.

Ela não tem nada demais. É cheia de obviedades ditas por bizavós e avós. Mas vivemos um tempo em que o óbvio não é dito; não é vivido; é esquecido.

Seguem as regras:

Regra 1 - Costas eretas, ombros para trás;
Regra 2 - Cuide de si mesmo como cuidaria de alguém sob sua responsabilidade;
Regra 3 - Seja amigo de pessoas que queiram o melhor para você;
Regra 4 - Compare a si mesmo com quem você foi ontem, não com quem outra pessoa é hoje;
Regra 5 - Não deixe que seus filhos façam algo que faça você deixar de gostar deles;
Regra 6 - Deixe sua casa em perfeita ordem antes de criticar o mundo;
Regra 7 - Busque o que é significativo, não o que é conveniente;
Regra 8 - Diga a verdade. Ou, pelo menos, não minta;
Regra 9 - Presuma que a pessoa com quem está conversando possa saber algo que você não sabe;
Regra 10 - Seja preciso no que diz;
Regra 11 - Não incomode as crianças quando estão andando de skate;
Regra 12 - Acaricie um gato ao encontrar um na rua.

Alguns trechos do prefácio, escrito por Dr. Norman Doidge, psiquiatra e autor de "O cérebro que se transforma", falando sobre a postura de Jordan Peterson, quando trabalhava como professor:

"Acima de tudo, ele alertava seus alunos sobre assuntos raramente debatidos na universidade, tais como o simples fato de que todos os antigos, de Buda aos autores bíblicos, sabiam aquilo que qualquer adulto vivido sabe: a vida é sofrimento. Se você ou alguém próximo está sofrendo, isso é triste. Mas, de forma lamentável, não é particularmente especial. Não sofremos apenas porque "os políticos são idiotas", "o sistema é corrupto" ou porque você e eu, assim como a maioria, podemos nos descrever legitimamente como uma vítima de algo ou de alguém, de alguma maneira. É pelo fato de termos nascidos humanos que, com certeza, teremos nossa dose de sofrimento (...). Criar os filhos é difícil; trabalhar é difícil; velhice, doença e morte são difíceis, e Jordan enfatizou que passar por tudo isso completamente sozinho, sem o auxílio de um relacionamento amoroso, da sabedoria ou dos insights psicológicos dos grandes psicólogos, apenas dificulta ainda mais.

"A principal regra é que você deve assumir a responsabilidade por sua própria vida. Ponto final. Alguém pode pensar que uma geração que ouviu incessantemente dos seus professores mais ligados à ideologia sobre direitos, direitos e mais direitos que lhe pertencem, oporia-se a ouvir que é melhor focar-se na aceitação das responsabilidades. No entanto, essa geração de muitos que foram criados em famílias pequenas por pais super-protetores em parquinhos com o chão macio e depois ensinados em universidades com "espaços seguros", que não precisa ouvir coisas que não queira - educada para ter aversão ao risco - tem agora, em seu meio, milhões que se sentem entorpecidos por essa subestimação da sua resiliência potencial e que abraçaram a mensagem de Jordan de que cada indivíduo tem uma responsabilidade fundamental a assumir; de que para viver uma vida plena é preciso primeiro colocar a própria casa em ordem, e apenas então, será possível sensatamente pretender assumir responsabilidades maiores. 

Você só tem a ganhar ao ler e ouvir os ensinamentos de Jordan Peterson.
Um abraço e até a próxima,





quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

O segredo da mente milionária - a importância de ser um doador


"Ganhar, poupar e doar - um dos segredos da mente milionária"




Há uma infinidade de informações na internet sobre como ganhar dinheiro. E isso é bom.

Há alguma informação sobre a importância de poupar e investir bem o dinheiro. Isso pode melhorar.

Há pouquíssimos relatos sobre os benefícios da doação, não para aquele que recebe - beneficiário -, mas para o doador. E isso é ruim.

Para ilustrar meu ponto de vista ninguém melhor do que T. Harv Eker e o seu famoso "O Segredo da Mente Milionária":

"Princípio da Riqueza - Ou você controla o seu dinheiro ou ele o controlará (...). O dinheiro é uma parte fundamental da existência humana. Quando você aprender a colocar as suas finanças sob controle, todos os setores da sua vida andarão bem. 

"(...) Ações da liberdade financeira - Abra a conta da liberdade financeira. Deposite nela 10% de todos os seus rendimentos. Esse dinheiro jamais deve ser gasto, apenas investido para produzir rendimentos passivos para a sua aposentadoria. (...) Abra a conta diversão ou tenha em casa o Pote da Diversão, no qual você depositará 10% de todos os seus rendimentos. Além da Conta Diversão e da Conta da Liberdade Financeira, abra quatro outras contas e deposite nelas as seguintes porcentagens dos seus rendimentos: 10% na Conta Poupança para despesas de longo prazo; 10% na Conta da Instrução Financeira; 50% na Conta das Necessidades Básicas; 10% na Conta das Doações (...) "

Você conhece muitas pessoas que doam parte daquilo que recebem ? 

Você conhece muitas pessoas que desejam ser ricas, mas nunca doaram nada a ninguém ? 

Você é do tipo doador ou do tipo "farinha pouca, meu pirão primeiro" ?

O ato de doar é um remédio para a alma; uma cura para a angústia; uma razão para sorrir.

E não falo apenas de doar dinheiro. Doe seu tempo e sua atenção para aqueles que não possuem valor para a sociedade. Visite um asilo, um orfanato. Participe de uma ação social. Talvez o vazio e a depressão que sente no dia-a-dia se dissipem quando estiver disposto a curar a dor do outro.

Ganhar dinheiro é muito importante; poupar ainda mais, mas nada se compara ao prazer de doar ao necessitado. 

Compartilho um vídeo do Canal Spotniks sobre "Os mitos que a esquerda precisa parar de acreditar sobre os Estados Unidos". Nele é abordado o quanto a sociedade americana é rica e, ao mesmo tempo, doadora : https://www.youtube.com/watch?v=VeRFaJrsQtk

Aconselho também o outro vídeo da série - "Os mitos que a direita precisa parar de acreditar sobre os Estados Unidos": https://www.youtube.com/watch?v=9QjKIAGy4Os

Em um mundo de tantos egoístas - que só pensam em si mesmos - ser doador é um ato revolucionário.

Um abraço e até a próxima,






terça-feira, 3 de dezembro de 2019

O milionário mora ao lado - a escolha da vizinhança


"A grama do vizinho sempre é mais verde"


O estilo de vida é afetado por diversos fatores. Um dos principais é o local da residência e o padrão de consumo dos vizinhos. 

A conclusão não é apenas minha. É também dos autores do livro "O Milionário Mora ao Lado":

"É mais fácil acumular riqueza se você não mora num bairro da alto status (...). Talvez você não seja tão rico quanto deveria ser porque trocou grande parte da sua renda atual e futura apenas pelo privilégio de morar num bairro de alto status (...). 

A cada ano você é forçado a maximizar a sua renda realizada só para conseguir pagar as contas. Você não pode se dar ao luxo de investir nenhum dinheiro. Na verdade, você está num beco sem saída. Suas altas despesas domésticas exigem o emprego total da sua renda. Você nunca vai se tornar independente financeiramente sem comprar investimentos que se valorizem sem realizar renda. Então, o que vai acontecer? Você vai escolher uma vida de altos impostos e alto status, ou vai mudar de endereço? (...)

Morar num bairro menos caro lhe permite gastar menos e investir mais da sua renda. Você pagará menos pela sua casa e, correspondentemente, menos pelos seus impostos sobre a propriedade. Seus vizinhos provavelmente não vão ter veículos caros. Você vai achar mais fácil manter um nível de vida equivalente ao dos outros, ou mesmo superior, e ainda assim acumular riqueza. A opção é sua." (p. 82-83).

Eu e minha família tivemos a oportunidade de adquirir um lote em um ótimo condomínio fechado - de alto padrão. Vários fatores pesaram na recusa à oferta: não sabemos por quanto tempo permaneceremos na cidade; não temos família na região; o condomínio é um pouco distante do trabalho e da futura escola das crianças; gostamos do apartamento alugado em que residimos; o aluguel nos dá liberdade de mudança rápida, caso haja necessidade.

Mas o principal fator foi perceber que uma vizinhança de alto padrão exige gastos de alto padrão. Tudo é mais caro: do pão na padaria até os gastos para a construção da casa.

E nem coloquei na conta a comparação com os vizinhos; a comparação dos filhos com os filhos dos vizinhos, e tudo o mais.

Não estou vendendo uma mentalidade de escassez ou de miséria - não é isso -, mas é bastante fácil constatar que muitos "ricos" no Brasil vivem mais de ostentação e aparência, muito por conta da necessidade de acompanhar o padrão de vida dos vizinhos, familiares e amigos. 

Dando sequência à primeira postagem, segundo os autores da obra, se quiser ficar rico: 1) seja frugal; 2) escolha bem o seu cônjuge; 3) escolha bem sua vizinhança.

Um abraço e até a próxima.

Você não é tão esperto quanto pensa – 48 maneiras de se autoiludir









Um livro que quebra diversos paradigmas e demonstra o quanto somos e podemos ser enganados por nós mesmos.

Em uma época de bombardeio de informações – via redes sociais, canais de notícias e televisão – somos constantemente influenciados por narrativas – muitas vezes falsas – que moldam nossa visão de mundo.

Nesse ponto o livro é bem direto: em alguma medida, ainda que apenas em alguns assuntos, somos todos iludidos. Uns mais, outros menos. A diferença é que alguns têm a consciência de que podem ser iludidos, ao passo que outros têm a convicção de que são portadores da verdade absoluta: criaturinhas sábias e perfeitas.

Eis alguns trechos da introdução do livro:
Você pensa que sabe como o mundo funciona, mas na verdade não sabe. Você passa pela vida formando opiniões e juntando remendos de uma história sobre quem você é e por que fez as coisas que fez até ler essa sentença, e, levando em consideração o todo, parece muito real.
A verdade é que há um crescente corpo de trabalhos no campo da psicologia e da ciência cognitiva que afirma que você não tem nenhuma noção de por que age da forma que age, escolhe as coisas que escolhe ou pensa os pensamentos que pensa”
(...) “Do maior cientista ao mais humilde artesão, todo cérebro dentro de todo corpo está infestado de noções preconcebidas e padrões de pensamento que o desnorteiam sem que o cérebro perceba. Então você está em boa companhia. Não importa quem são seus ídolos e mentores, eles também são propensos a falsas especulações”.
As tendências cognitivas são padrões previsíveis de pensamento e comportamento que o levam a tirar conclusões incorretas. Você e todos os outros vieram ao mundo pré-carregados com essas formas desagradáveis e completamente errôneas de ver as coisas, e raramente as percebe. Muitas delas servem para mantê-lo confiante nas suas próprias percepções ou para inibi-lo de ver a si mesmo como um bufão. A manutenção de uma autoimagem positiva parece ser tão importante para a mente humana, que você desenvolveu mecanismos mentais projetados para se sentir ótimo com relação a si mesmo. Tendências cognitivas levam a escolhas pobres, maus julgamentos e percepções excêntricas que estão quase sempre totalmente incorretas. Por exemplo, você tende a procurar por informações que confirmem as suas crenças e ignora informações que as desafiem. Isso se chama viés da confirmação. Os conteúdos da sua estante e o seu histórico de navegação na web são um resultado direto disso”.
O autor aborda o conhecido viés de confirmação e o quanto ele pode nos prejudicar  (tópico 3 do livro).
O EQUÍVOCO: suas opiniões são o resultado de anos de análise racional e objetiva.
A VERDADE: suas opiniões são o resultado de anos em que você prestou atenção a informações que confirmavam o que você acreditava, enquanto ignorava aquelas que desafiavam suas noções preconcebidas

Somos todos enganados pelo viés de confirmação - tal como o vilão Thanos - ele é inevitável. A nossa luta diária, no meu entendimento, é ter consciência das nossas convicções – creio que nenhum ser humano saudável consiga viver sem algumas -, mas manter-se aberto para entender o ponto de vista do outro e ouvi-lo de verdade.

“Só os loucos não mudam de opinião”, diz o ditado.

Eu e você somos cheios de convicções. Tenho certeza sobre várias coisas que, daqui alguns dias, anos ou séculos poderão se mostrar equivocadas, mas é possível viver sem convicção? Será o viés de confirmação um mal necessário?

Imagine que todos os dias você questionasse suas próprias convicções. Tivesse dúvidas quanto à sua crença: um cristão que vive a procurar por contradições na Bíblia ou no credo dos apóstolos; um muçulmano que duvida ocasionalmente das palavras de Maomé; um ateu que tem medo de escuro ou vive a falar mal de Deus - como é possível falar mal ou ter raiva de algo que não existe ? -. Sua vida seria dedicada a duvidar e, muito provavelmente, não conseguiria ser produtivo, tampouco construir qualquer coisa digna nessa existência, seja um trabalho, empresa ou família.

Creio que o viés de confirmação, apesar de nos levar a cometer muitos equívocos, é necessário para manter a estabilidade psíquica e emocional do ser, sob pena de se ver colapsado pelas próprias dúvidas.

Buscamos evidências que confirmem nossas crenças e, não raro, fechamos os olhos para aquilo que as desafia.

Essa noção é muito bem esclarecida por Nassim Taleb em seu célebre “A lógica do Cisne Negro”.

As melhores convicções são aquelas que, testadas a ferro e fogo, não capitulam diante das dificuldades e do contraditório.

Questione-se, com moderação.

Um abraço e até a próxima.




segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Faça fortuna com ações antes que seja tarde - Décio Bazin e a sabedoria dos antigos



O livro, embora antigo, tem insights impressionantes sobre o comportamento do investidor e da bolsa de valores no Brasil. Um material escrito por um brasileiro há muito tempo atrás. Tempo em que o mundo - literalmente - era outro. E nisso reside seu maior valor.

Temos uma literatura abundante sobre mercado de capitais no exterior, mas a literatura brasileira é de uma pobreza franciscana. A maioria dos bons livros é recente.

Disso decorre a importância da obra de Décio Bazin. Embora trate de uma outra realidade, em que as negociações não eram eletrônicas, a sabedoria nele contida perpassa gerações e será relevante para todo investidor amador que deseja construir um bom patrimônio.

Eu gosto de conversar com idosos. Até quando falam bobagens ensinam. Ler o livro do Décio é como conversar com um senhor de idade - experiente -, que já viu muita coisa na vida e está disposto a ensinar os mais jovens. Quem não gosta de conversar com idosos não gostará de ler a obra de Décio Bazin.

1) Sobre a necessidade de tomar suas próprias decisões:


“Em matéria de dinheiro, na Bolsa como na vida, você está sempre só. Prepare-se para tomar atitudes sozinho e também para nunca repartir responsabilidades nem vantagem.
Quando eu era adolescente, tive um vizinho que muitas vezes me aconselhou a jamais confiar a terceiros a administração de bens patrimoniais. Certa vez ele incumbiu seu filho mais velho de administrar-lhe a fazenda de café, com poderes para comercializar as safras como bem entendesse. Pouco mais tarde percebeu que o filho lesava na prestação de contas.
Essa história encerra uma lição. Se não pode confiar nem no próprio filho, em quem confiar? A resposta é: em ninguém. O ser humano é fundamentalmente desonesto em assuntos de dinheiro. Os poucos que se imaginam honestos precisariam ser experimentados, mas experimentações costumam sair caro nesse campo. Dinheiro é preciso ganhar sozinho. E empregar sozinho” (Kindle, posição 1597)

Eu até arrepio quando leio essa passagem. É o obvio que precisa ser dito e repisado. Todo mundo conhece a história de alguém que confiou em um amigo, familiar, piramideiro profissional ou estelionatário e se lascou. 

Prepare-se para tomar suas próprias decisões e assumir as consequências. A solidão não é opcional. É a única certeza na jornada dos investimentos.


2) Sobre os analistas e especialistas de mercado:


“Desconfiamos quando os técnicos e teóricos “explicam” a Bolsa e fazem previsões de movimentos futuros. Eles protagonizam uma farsa que se destina a satisfazer vaidades ou simplesmente garantir empregos.
Há muito tempo os investidores da velha cepa aceitaram a verdade cristalina de que, para ganhar dinheiro na Bolsa, ninguém precisa conhecer mais do que as quatro operações aritméticas, como já dizia o escritor Gerard Harntzschel.
Por essas razões, se o leitor estiver começando agora a interessar-se pelo mercado acionário, sugiro-lhe que nunca preste atenção ao que dizem os especialistas e os técnicos; que não leia sequer o comentário diário que alguns jornais publicam sobre o Mercado; e que grave na memória que os que têm grande patrimônio em ações só leem o noticiário da Bolsa quando querem dar risadas”


Sensacional! Todos os investidores novatos deparam com notícias, dicas, comentários, enfim, há uma miríade de analistas e especialistas no assunto que só sabem viver de "vender cursos para ficar rico". Uns chutam que tudo vai desabar. Outros que tudo vai subir. Chutam toda semana. Uma hora acertam. É como diz a lenda: “os economistas acertaram 5 das últimas 9 recessões que previram”.

Quem prevê o tempo inteiro uma hora acerta. Mantenha a máxima distância possível de sites que recomendam carteiras semanais, mensais, diárias e sei lá o que. Só tem como propósito estimular o giro de patrimônio e ganhar corretagem de investidor trouxa.

3) Sobre o papel da CVM, bolsa e a mentalidade dos empresários brasileiros

“Nunca se viu a CVM empreender qualquer campanha eficiente de convencimento das empresas a democratizarem o capital. A abertura de mais empresas para a Bolsa em quantidade crescente é vital para a expansão e até mesmo para a sobrevivência do mercado acionário; teoricamente, atende aos interesses das próprias companhias.

Para que mais empresas se interessassem, seria necessário, numa campanha de longo prazo – não de afogadilho e só nas épocas de booms-, mudar a mentalidade de muitos dos nossos empresários, viciados de longa data em ganhar dinheiro graças à obtenção de favores governamentais, e conhecidos pela aversão que têm em dividir o lucro com outros sócios.
Convencê-los a abrir mão dos seus lucros não seria, porém, tarefa difícil, embora fosse demorada. Demandaria tempo inculcar neles o princípio de que o lucro tem uma finalidade social e não pertence a poucos, já que não estamos mais na Idade Média” (Kindle, posição 3941).

A crítica é direcionada, no início, à CVM, autarquia responsável pela fiscalização e controle do mercado de capitais. De fato, nunca vi nenhuma campanha publicitária, ainda que de pequeno porte, da CVM. Também nunca vi nada parecido por parte da B3. O problema deve estar comigo que quase não vejo televisão - rede aberta.

A B3 parece estar deitada eternamente em berço esplêndido, descansando no seu monopólio. Enquanto isso, empresas brasileiras começam a iniciar o movimento para abertura de capital no exterior. E o que a B3 fez para mudar esse quadro? Aparentemente, nada. Muitos brasileiros começam a constituir carteiras de investimento no exterior. O que a B3 e as corretoras fazem a respeito? Aparentemente, nada. Precisamos estimular a abertura de capital no Brasil. Talvez o único caminho seja acabando com esse monopólio da B3. 

Outra crítica sensacional é direcionada aos empresários brasileiros que têm extrema dificuldade em dividir o lucro com outros acionistas. Vou além: até hoje não consigo compreender o porquê de muitas sociedades empresárias “abrirem capital” oferecendo apenas ações preferenciais ou units, de modo a alijar o pequeno investidor dos mesmos tipos de ações de que os donos são portadores.

Uma crítica certeira é à dependência que grandes empresas no Brasil têm de favores governamentais. É antiga a relação de compadrio tupiniquim. A bolsa - empresário veio muito antes do bolsa - família. Algumas sociedades empresárias são quase capitanias hereditárias dos tempos modernos. Só funcionam por conta do auxílio do Estado. Só não vê quem não quer. .

4) Uma estratégia e a necessidade de não se importar muito com o mercado

“Comprar, comprar e comprar ações de empresas sólidas até alcançar o objetivo final, e ficar longe do agitado mundo da Bolsa e das suas más influências, eis o segredo.
É conselho prático, decepcionante pela sua simplicidade e que por isso mesmo as pessoas de mente complicada relutam em aceitar.
(...) A única realidade concreta do Mercado são as ações de empresas sólidas que o Investidor genuíno mantém em sua carteira para delas usufruir benefícios no futuro.
Muitos especuladores demoram anos para compreender essa verdade tão simples. Felizes daqueles que a compreendem a tempo de ter força e disposição para começar no caminho certo”

Comprar, comprar e comprar, todos os meses, independente se subiu ou desceu. Daqui eu tirei a certeza de que deveria manter minha “estratégia”. Trouxe-me paz e tranquilidade. Desde então descansei e desisti de tentar prever o futuro. 

Há várias estratégias de investimentos. Para tornar mais simples vou exemplificar duas. A primeira é a de "comprar e vender" quando há lucro; a segunda é "comprar, comprar e comprar" e manter o máximo de tempo o ativo na carteira. É possível, também, mesclar as duas.

Quem é bom em acertar o "tempo do mercado" - market timing - consegue bons lucros. Não é para mim - por falta de tempo e de capacidade. Desejo o máximo de tempo disponível e de paz na vida. Investir todos os meses em alguns ativos pré-selecionados é mais fácil e proporciona mais tranquilidade. Além disso, o aporte mensal cria um ótimo hábito de poupança. Só preciso escolher um dos ativos pré-selecionados - mais descontado ou desvalorizado -, respeitando o limite máximo de 2% do patrimônio total por ativo. 

Inicialmente, minha meta principal era de conquistar uma renda passiva mensal. Daí a alocação em FIIs. Depois investi em algumas ações. Pretendo manter, por mais um tempo, o investimento em FIIs e ações, até atingir um certo patamar. 

Um ETF de FIIs pagador de proventos é um sonho. Um ETF de ações que pagasse dividendos também não seria nada mal. Mas não temos esses ETFs no mercado de renda variável brasileiro - e viva a B3, gestoras e corretoras por não estimularem esse tipo de produto. Só gostam mesmo é de COE e day-trade.

É bastante provável que, no início de 2020, escolha alguns ETFs cumulativos - é o que temos para hoje - e comece a fazer a estratégia do "custo médio" - dollar cost averaging -, paralelo ao investimento em FIIs e ações. E, atingido determinado valor em patrimônio, inicie os investimentos no exterior.

Assim, terei uma carteira com ETFs brasileiros, ações, FIIs, ETFs e ações estrangeiras.

Esse é o plano de longo prazo, ao menor por ora.

E qual o seu plano?

Segue entrevista com a filha do Décio Bazin, disponível no youtube.

Um abraço e até a próxima,